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  • Inês Simões

Expresso, logo existo.

Atualizado: 23 de jun. de 2022

Quem me conhece sabe que eu não funciono enquanto não tomar um café. No entanto, embora também se aplicasse, não, não vim escrever sobre café. É quando não me expresso que o cenário fica mesmo escuro. Quando não desabafo, não escrevo, não canto. É por essa razão que costumo dizer a frase que usei como título deste artigo.


Questiono-me: Alguém existe sem expressão? Alguém existe sem a expressão do que gosta, quer, pensa, sente, defende, precisa? Alguém existe sem expressar quem é? Quem é uma pessoa, para si própria e para o outro, se não se expressar? Existirá outra maneira de nos conhecermos e darmos a conhecer?


Exprimir adequadamente as percepções conduz a processos comunicativos de qualidade com o meio circundante e contribui para fazer de nós pessoas. - Ger Storms


Nem sempre nos lembramos, mas nunca somos os únicos a sentir o que sentimos. Quantas vezes já ouviram canções que parecem ser especificamente sobre vocês? Parece que o cantor tem as mesmas angústias que nós, ou que está na mesma festa a sentir o mesmo entusiasmo, não é? Lembramo-nos de que não estamos sozinhos. Sem me querer desviar por filosofias acerca da vida humana, a verdade é que a um nível biológico (excluindo outros contextos como por exemplo o social), todos temos mais ou menos as mesmas dores e as mesmas alegrias. Mesmo quando não nos identificamos literalmente com as emoções de uma determinada canção ou poema naquele momento, lembramo-nos de uma fase antiga, de um desejo futuro ou de alguém que conhecemos e que está a passar por aquela situação. E quantos de nós, enquanto ouvintes, usamos a música para enviar mensagens, relaxar, divertir, oferecer conselhos ou ombros amigos? Seja qual for o caso, expressamos algo. Mesmo que seja através da forma de expressão que outra pessoa usou. Assim nos unimos e reconhecemos. Tal como pessoas do mesmo país se podem unir cantando o respectivo hino nacional ou os apoiantes de um clube se sentem parte do desporto cantando com a claque, testemunhar alguém que expressa algo (falando, escrevendo, dançando, pintando, cantando) cria conexão e possibilita a empatia. Viabiliza uma partilha de verdades.


Por isso, outra frase que costumo dizer (principalmente aos meus alunos) é a seguinte: Enquanto cantores, somos tradutores de emoções.

Toda a técnica vocal que se aprende, treina e desenvolve deverá servir a emoção. A afinação, o timbre, os desenhos melódicos e rítmicos que fazemos com a nossa voz fazem a diferença em qualquer interpretação se forem conscientemente escolhidos em prol de determinada emoção. Quantas vezes ouvimos canções com poemas cujas palavras nem compreendemos (por não serem cantados na nossa língua, por exemplo) mas cuja emoção não deixa dúvidas? Essa emoção pode ser transmitida, por exemplo, através das escolhas harmónicas do compositor, mas ganha vida através das emoções que guardamos no Canto.


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Olá, novamente! Vou aproveitar este primeiro artigo do blog para vos dar as boas-vindas e para vos contar (ainda mais) sobre mim. Eu nasci em Portugal, cresci em Lisboa e vivo actualmente em Viseu. So

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