- Inês Simões
(Ainda mais) Sobre Mim
Atualizado: 3 de jun. de 2022
Olá, novamente!
Vou aproveitar este primeiro artigo do blog para vos dar as boas-vindas e para vos contar (ainda mais) sobre mim.
Eu nasci em Portugal, cresci em Lisboa e vivo actualmente em Viseu. Sou a irmã mais nova, aquela mais mimada, barulhenta e que tem a mania que tem piada, sabem? Sempre fui muito mais comunicadora e espontânea do que provavelmente gostariam que eu fosse. Sempre muito determinada (não é teimosa, ok?), curiosa e criativa, eu canto desde que me conheço. Mesmo sem saber falar, já acompanhava o rádio do carro (perguntem à minha mãe!).
E porquê? Porque o canto nasceu comigo? Talvez.
Mas também porque cresci rodeada de música, poesia e canto, principalmente vindos das mulheres da minha família. As minhas avós tinham sempre um provérbio ou uma quadra, qualquer rima que fosse, cantada ou falada, para me ensinar alguma lição. A minha mãe anunciava o dia da limpeza semanal simplesmente ligando o rádio ou seleccionando um CD de música muuuuito dançável. A minha irmã brincava comigo enquanto cantava Dulce Pontes e fazia do cortinado da sala o seu vestido de gala. Ah, e sem esquecer as canções para adormecer!
Na escola primária tive a minha primeira grande confirmação externa sobre o meu canto: a turma nomeou-me "A Voz"! A professora de música escolhia-me sempre para cantar nas apresentações para os pais e eu passava os serões a treinar em casa, exigindo silêncio total de todos os que quisessem partilhar o sofá! Foi nessa tenra idade que comecei a pedir ao meu pai que me acompanhasse, que fizesse uma espécie de beatbox, vá! Ele bem se esforçava, mas as canções acabavam sempre a meio por excesso de gargalhadas!
Assim que aprendi a escrever, comecei a escrever canções. Ouvia a mesma música várias vezes e substituía a letra por uma criada por mim. E sim, fiz o mesmo quando aprendi inglês. Na verdade, eu sempre gostei mais das aulas de línguas do que propriamente das aulas de música. Não achava propriamente interessante escrever notas musicais ou tocar flauta. Eu queria era cantar, queria ser ouvida, tinha coisas para dizer e já acreditava muito no poder da conexão com os outros através das emoções, que todos sentimos. Cantar fazia-me sentido e fazia toda a gente sentir.
Quando terminei o 9º ano, pensei que seria a oportunidade perfeita para ir estudar para o Conservatório! Já tocava trompa e trompete na banda filarmónica, já tinha roubado a viola à minha irmã para aprender uns acordes sozinha, assim como fiz com o piano, porque sempre o tinha feito com a voz. Sempre aprendi a cantar ouvindo. Quando tentei ir estudar para o conservatório, apanhei o meu primeiro grande choque com o mundo real, pois ter sido auto-didacta não seria suficiente para ingressar. Toda a formação musical que eu considerava chata, seria necessária ali. Fiquei triste, desanimada, mas rapidamente me auto-confortei, convencendo-me de que eu não iria gostar de aprender canto lírico, anyway! Mais uma semente que iria brotar num choque de realidade mais tarde, quando aprendi que a base da técnica vocal vem daí, independentemente do estilo musical a que a aplicamos.
Na altura, refugiei-me no estudo do som, num curso de comunicação audiovisual, e mantive a música e o canto a decorrer em segundo plano. No entanto, quando comecei a trabalhar num estúdio como técnica de som, começou a ser insuportável a consciência do quanto eu queria ser a pessoa à frente daquele microfone! Decidi, então, estudar Ciências Musicais na universidade. Foi a maneira que encontrei de estar mais perto da música e dos músicos. Foi nesta fase da minha vida que passei por vários coros, tunas e bandas, complementando tudo o que já aprendia na licenciatura e em formações que fui fazendo em canto e teoria musical. Sentia que o caminho era por ali, mas ainda não sabia como o percorrer nem me considerava capaz ou suficiente. Já licenciada, voltei a trabalhar como técnica de som, mas agora com uma bagagem muito diferente que enriquecia a forma como eu abordava o meu trabalho. Comecei também a dar aulas de canto e música e mantive-me activa em alguns agrupamentos musicais - inclusive, aceitei o desafio de cantar fado num concurso de fado amador. E não é que ganhei? Esse concurso e um outro em que participei logo de seguida fizeram-me, mais uma vez, estar mais perto da música e dos músicos. As coisas já estavam a mudar, ou até já tinham mudado, mas eu ainda não sabia.
No fim de um concerto de um amigo que me tinha pedido para subir ao palco e "cantar uma ou duas", um dos seus músicos gostou muito de me ouvir e propôs-me que integrasse outros projectos e trabalhos. Sem grande expectativa, disse-lhe que sim. Seis meses depois, estava eu no estúdio onde ainda trabalhava, quando recebo uma chamada desse músico, que queria dar vida às ideias que tinha partilhado comigo! Confesso que aqui arrisquei tudo. Senti que era a oportunidade pela qual esperava e que tinha de estar à altura. Decidi demitir-me do meu emprego e fui, mudei de cidade e abracei o desafio. Assim começou a minha carreira enquanto cantora profissional. Fui vocalista de vários projectos diferentes, com vários formatos diferentes, em vários ambientes diferentes. Além dos espetáculos ao vivo, que eram a base do meu trabalho, também fui convidada para gravar a minha voz em alguns discos e contribuir para a criação de canções de outros artistas.
Após alguns anos muito cantados e já equacionando a hipótese de lançar o meu primeiro álbum, chegamos, inevitavelmente, à parte da história em que tudo mudou para todos nós, devido à pandemia.
Os espetáculos pararam.
Os discos pararam.
As aulas pararam.
Eu parei.
Parece que foi ontem e muita coisa em mim ainda está a recompor-se.
Incapaz de me calar, apostei novamente na minha formação e fiz um curso de locução para rádio e publicidade e outro de locução para audiolivros.
Felizmente,
Os espetáculos já começam a voltar.
O disco (o meu) já começa a querer fazer-se ouvir.
Voltei a mudar de cidade, mais que uma vez.
E a morada das minhas aulas passou a ser virtual.
Sejam muito bem-vindos!